Digressão
Digressão
Meu alimento foi o tempo brotado
dos anos a tramar ao vento equilíbrio
entre a fome a catar os restos do espelho
e o fastio do reflexo de um último beijo.
A razão, então completa desconhecida,
passou a distrair, com idéias pequenas,
a atenção, em perpétua reticência
à espera de distante fortuna alheia.
Hoje preciso apenas de uma estante
para esconder os versos do abandono
e de uma escrivaninha formosa e oblíqua
para compor meus despojos mediatos.
Só após pesar lembranças e desencantos
direi com certeza, amor, se ainda te amo.