A GÊNESE DA DOR
Quanta saudade! Quanto sonho alimentado
Neste final de tarde triste e nebuloso!
Ah! Se pudesses ver o pranto amargurado
Que dos meus olhos cai, febril, impetuoso!
Ah! Se pudesses ver agora o meu estado
E desejasse dar-me um infinito gozo,
Aquele idílio santo, ingênuo e luminoso!
Bastava-me afagar os teus negros cabelos,
Sentir teus lábios, tua voz e os teus desvelos,
Na ardência divinal do imorredouro amor.
Ah! Sonhos loucos! Ouropéis e nostalgia!
Como esperar um fio tênue de alegria
Se desposei há pouco a gênese da dor?!...
Salé, jan/2002