QUIÇÁ NUM NOVO DIA

QUIÇÁ NUM NOVO DIA

A lua está triste e tristemente me espia

na aurora túmida de prosaísmo estulto

previne-me o palor do seu olhar adulto

porque vê no meu corpo minha alma vazia.

Ao pé da estrada estou qual asqueroso vulto

nessa madrugada silente, escura e fria.

De cócoras sob o véu da melancolia.

Dantesca é a tristeza a que dou sonoro culto.

Alta noite. Brisa com sabor de bonança;

grilos cricrilam; carruagens d’esperança,

de tão remota, não se lhe ouve o tropel.

Aves noturnas pipilam seu triste canto

e a fada do sono enxuga dorido pranto.

Adormece a dor em sua alcova de fel.

Inspiração: felicidade dos personagens

Solano e Manu, na novela “ARAGUAIA”,

brincando entre girassóis,

que não tive e nunca terei.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 20/10/2010
Reeditado em 21/10/2010
Código do texto: T2568507
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