A INJUSTIÇA
Se a injustiça – inimiga atroz do bem –
Bater-lhe à porta pra pisar em tudo,
Abra-lhe a porta! Mas com gesto mudo,
Deixe-a entrar como se ela fosse alguém.
Essa peste possui da farsa o escudo
E, por princípio, o mísero desdém;
Maldosa e com poderes indo além
Da nossa simples percepção e estudo.
Deixe-a que entre e vasculhe como queira.
Ela é a mais negra e pérfida rameira
Vinda do inferno para o peito herói.
Há só um jeito certo de matá-la:
Não agredi-la nem mesmo assustá-la...
Por si só, a injustiça se destrói!