VÍCIO
Perdi meus poucos laivos de poesia
Que em meu cinzento olhar de afã discreto
Suflaram um dia, túrgidos de afeto,
Seiva sensível que me não cabia
Sempre os delírios e a sinestesia
Da imagem doce do teu som completo
Sinto na boca gostos como aceto
Quando tua boca tenho além da mi'a
Olvido em sono amargo este teu gosto
- Ali cultivo um coração deposto
Que, esquecido dos vícios, ao teu lado
Sente somente a dor da tez lasciva
E assim, mesmo liberta a voz cativa,
Segue a dizer teu nome ao corpo errado.