VÍCIO

Perdi meus poucos laivos de poesia

Que em meu cinzento olhar de afã discreto

Suflaram um dia, túrgidos de afeto,

Seiva sensível que me não cabia

Sempre os delírios e a sinestesia

Da imagem doce do teu som completo

Sinto na boca gostos como aceto

Quando tua boca tenho além da mi'a

Olvido em sono amargo este teu gosto

- Ali cultivo um coração deposto

Que, esquecido dos vícios, ao teu lado

Sente somente a dor da tez lasciva

E assim, mesmo liberta a voz cativa,

Segue a dizer teu nome ao corpo errado.

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 12/10/2010
Reeditado em 12/10/2010
Código do texto: T2552765
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