O VINHO E A POESIA
Faço poesia como quem faz vinho
E, assim eu vou seguindo minha estrada,
Vou, enterrando o que faço no caminho,
Não sei se deixo ouro na jornada...
Mas, consciente, sei que o vinho é bom,
O que falta, na verdade, é a essência
Do tempo que premia a paciência,
E embute no que faço outra razão.
Deixo por legado este tesouro,
E nele, embutido o meu pranto.
Quem sabe que um dia este ouro
Possa ser encontrado e, para espanto
Dos meus herdeiros, em um estouro
Possa transformar-se o meu canto.