Soneto X

O temor maior d'uma alma viva

Que desce ao mundo, e no mundo falha,

É não ter uma mágoa que lhe valha

Quaisquer momentos de paixão altiva.

Pudera eu, nascido e desde então,

Por motivo ignoto, sem sentido,

Não provar do eterno conhecido

Sentimento de infinita afeição.

Mas teu chegar imprevisto, fragrante,

Sob o céu, e mais que ele, sagrado,

Sob a lua, e mais que ela, brilhante,

Fez da solidão marca do passado,

Fez do presente marca do amante,

Fez do futuro marca do amado.