NOITE ESCURA
Sangra a noite escura desdentada
O uivo febril e dorido da irmã morte
Que chega encurralada e desatinada,
Arrastando o sopro daquele consorte.
A hora vaga, ingrata já assinalada
As mãos frias de um sujeito forte
Postas juntas em posição cuidada
Fechando o ciclo em fino porte.
Guia, esguia, em negritude véu,
Vai à dama ao lado do esquife
Por o corpo inerte no mausoléu.
Olhando assim não sofre mais
Os sonhos terrenos se findaram
A carne deixou o espírito em paz.