CONTANDO ESTRELAS
Odir, de passagem


Divertia-se ao céu contando estrelas
a noite inteira, em destemida afronta,
o olhar obscuro, a mente tonta,
temente de olvidá-las e perdê-las.

E tantas contas, contas tantas fê-las,
que atordoado se perdeu na monta
de tanta conta. E agora, sem remonta,
estonteado, tenta refazê-las.

Mas a vigília extrema o amedronta.
Teme o nada da noite, os estertores,
foge da luz, que da manhã desponta.

O reconto, afinal, o desaponta
pois das estrelas e dos ex-amores
não se deve, jamais, fazer a conta!

JPessoa, 06.10.10
oklima
Enviado por oklima em 06/10/2010
Reeditado em 28/08/2014
Código do texto: T2541636
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