AS SEPARAÇÕES [CCXLIX]

Tomo os dias, a dois e em paz, contigo

e os repasso somente ao teu legado,

que teu perfil me vem, cá, do meu lado,

apesar das distâncias por castigo.

Pudera ser, em vida, um ente alado,

o etéreo tê-lo mais por meu abrigo;

lá, pelo menos, sendo um teu amigo,

porque sozinho, aqui, sou degredado.

Tu flanas do hemisfério, aí, num polo,

e eu bebo a solidão em canto solo,

mas não devo ocultá-la com firulas.

Em soneto descalço e nu, sem terno,

meço apenas dorido o nosso inferno,

pois que as separações são coisas nulas.

Fort., 06/10/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 06/10/2010
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