SONHO ÁPTERO
SONHO ÁPTERO
Sangrei o sonho alheio co’estilete dourado;
fui mordaz no uso da navalha “solidão”;
sob patas do meu corcel fiz sapateado;
no sonho azul cunhei mágoa e desilusão.
Amputei as asas brancas do amor sonhado
com a sicuta do ego macerei a emoção;
não fiz caso do pranto por ti derramado;
pisei forte nas dores do teu coração.
se algum dia perdoas quero ser amigo
com tua fronte no ombro vou chorar contigo
as mágoas da vida em solitária paixão.
Se o desprezo, entanto, guardares em teu peito
da lágrima dorida pingada em teu leito,
sei que o sonho desfeito não tem mais perdão.