NINGUÉM SABE
Dizem que sou forte e me acham feliz,
Capaz de sorrir até diante da morte;
Que nada me preocupa, se faço ou fiz,
Que, indiferente a minha própria sorte,
Não conheço uma dor que me desconforte;
Que sou um homem rude e de dura cerviz;
Que a tudo suporto com erguido porte;
Que minha cruz é suave como a flor de liz;
E que o meu coração deve ser, por certo,
Assim como as pedras tão frias e duras,
Vazio de sonhos e de emoções deserto...
Porém, ninguém sabe das minhas agruras,
Pois que, certamente, nunca viram de perto
As lágrimas que choro e minhas desventuras.