JANO
Passei de corpo inerte a vacilante
De templo do pesar a quase nada
Não pus no meu caminho cores ante
O mundo de cegueira esbranquiçada
Presente em cada par de olhos errante
Que se acha possuidor da paz nublada
Na qual viceja um falso diamante
Ardendo qual o brilho duma espada
Que paz não cresce sã num mundo amargo
Nem ceifa as almas livres o remorso
De ter que abdicar do portal largo
E, em troca, contorcer - se na estreitura
De argila açucarada o olhar adoço
Que dor não cresce sã sem amargura