JANO

Passei de corpo inerte a vacilante

De templo do pesar a quase nada

Não pus no meu caminho cores ante

O mundo de cegueira esbranquiçada

Presente em cada par de olhos errante

Que se acha possuidor da paz nublada

Na qual viceja um falso diamante

Ardendo qual o brilho duma espada

Que paz não cresce sã num mundo amargo

Nem ceifa as almas livres o remorso

De ter que abdicar do portal largo

E, em troca, contorcer - se na estreitura

De argila açucarada o olhar adoço

Que dor não cresce sã sem amargura

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 03/10/2010
Reeditado em 03/10/2010
Código do texto: T2535280
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