GESSO
No olho, uma imensidão de mar volátil
É tudo que, de mim, a ti ofereço
Meu beijo, endurecido como gesso
De estátua inanimada, ao sol do pátio
Vai - se banhando em sangue pelo avesso:
Primeiro a cor profunda, após, o fácil
Sorriso impregnando os sais de cálcio...
E, então, provo do mesmo do começo:
A mesma mágoa fútil e envaidecida
Do vácuo onipresente e causticante
Que drena o fel que escorre na tua face
Com a boca mais doce que, em tua vida,
Irás sentir fremir, triste e constante,
Até que a Terra toda nos abrace.