Soneto Noturno
Concreto, o luar pleno, em mim, derrama
Tanto silêncio decomposto em bruma...
E o céu, banhado todo da sua espuma,
Vem vil, dourado, esplandecer na lama
Sorvo sedento, transtornado em suma,
As gotas acres que a tristeza inflama
Choro sagrado! - Não te diz que ama
Quem mais da boca tua se perfuma!
Trago no rosto casto de alegria
Paisagens mortas se fundindo em aço
Vozes noturnas me moldando o dia
Tolhendo luz se, pelos céus, eu ando
Quando o perdido som do nosso passo
Hei - de encontrar, eternidade, quando?