À VELHA MESA DE MOGNO
Odir, de passagem

Se essa mesa de mogno falasse
por sua cor vermelha, por seus cravos,
que lhe travaram pra que não tombasse,
quantas histórias, quantos feitos bravos!

Se o riscado do tampo me contasse
sobre as compras e vendas dos escravos,
sobre a paga de alguém que lhes matasse,
que triste ouvir ou ler esses conchavos!

Que bom que a mesa é morta e deserdada,
servindo apenas para o meu enlevo
e sobre ele se manter calada!

Em sua borda a conceber me atrevo
(pois sobre eles sei que não diz nada)
esses sonetos que ao amor escrevo!


JPessoa, 29.09.10

oklima
Enviado por oklima em 29/09/2010
Reeditado em 01/10/2010
Código do texto: T2528545
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