PEDRA BRUTA

Quero beber das águas frescas da autoestima,

mas a impressão de ser escorço não concluso

traga-me o prumo, meu rumar, a minha rima,

vem e domina, quando me coloco “em uso”.

Quero das flores, beijos alvos, claro clima

e o que de bem neste viver em bom abuso,

mas pedra imensa em mim lançada lá de cima

macera o brio tão sombrio, tão confuso.

Engendro fugas, neuras, pânicos polutos,

pois não consigo cintilar meus atributos

para mim mesmo, acreditar no próprio cunho.

Quanto desejo lapidar diamante bruto,

fazer brilhar e depurar o meu produto

e em obra-prima transformar este rascunho.