Poema perverso
Passas diante de mim, na minha rua,
E fico a meditar se vale a pena,
Olhar-te como se estivesses nua,
Como um artista ao compor uma cena;
No entanto, a leveza de teus passos,
Deixa-me atento, ao doce sentimento
De viver contigo um sonho devasso,
Que me domina por alguns momentos;
Como num balé, teu corpo transcende,
Ao lugar comum, da simples beleza;
Tão belo, que me consome e ofende,
Querendo mostrar-me com certeza
Que embora vivendo sozinha,
Salvo engano, nunca serás minha!