Soneto ao tempo
Na borda diametral do relógio de pulso
Grito ao tempo que passa e ele nada diz.
Arrisco alguns passos pra trás e num impulso
Pulo sobre o ponteiro que do tempo é aprendiz.
Procuro saber o melhor momento de partir,
Mas o tempo ao mesmo tempo fica mudo.
Olho para porta que o vento sopra pra abrir...
Questiono, mas tempo é silencioso e carrancudo.
Lá fora, onde ainda não sei,
O tempo brinca com o imprevisível,
Justamente no caminho que ainda não passei.
Lá seria eu ainda invencível,
Em meio às tantas batalhas que já neguei?
Com o tempo saberei o que o tempo fez indizível.