Musa da Noite
A noite é um algoz para quem faz poesia,
porque é nela que surgem as musas e as rimas
que às vezes procuramos durante todo o dia
e só de madrugada a busca então termina.
Por causa desse fato o poeta é um insone,
vê as horas passarem enquanto está desperto,
como esperando o chamado de um telefone
que vá lhe transmitir algum recado certo.
Mas o imaginário telefone permanece mudo,
sem romper a madrugada com seu toque agudo
e sem que se ouça do outro lado voz alguma.
E logo quando raia um outro dia, esse poeta
corre porque algo lhe inspirou a poesia completa
antes que essa inspiração se volatize e suma.