ANJO TERNO

Por que foges assim, meu Anjo Terno?

Por que te ausentas dos meus próprios sonhos?

Por que me lanças, ao rugir do inferno

Do abandono, nos confins tristonhos?

Pergunta o pobre em seu torpor interno

Vendo os felizes trafegar risonhos...

Um martírio sem volta, quase eterno,

Em oceano de sargaçais medonhos.

Passem os anos. A resposta santa

Jamais virá! Silêncio que suplanta!

Ninguém responde. Tudo é letargia!

E o Anjo Terno esconde esse mistério

No reino do sagrado cemitério,

Nos sete palmos de uma cova fria!