O Velho e a Ferida

O Velho e a Ferida

Que Deus me traga o riso na velhice!

E que apesar de lá curvar-me as costas

E tantas marcas pelo tempo postas,

Eu seja um velho qual na meninice.

Uma velhice que de tudo risse,

De ter as falhas e deixar expostas,

De ter ferida e remover as crostas,

De ter ferido e mal dizer que disse...

Ah, mais que o coração me deixe um feito:

Mais que a visão de todo meu defeito,

Faça-me ver num filho o meu acerto.

Assim, ao rir seu peito em meu aperto

Eu seja um velho a não se ver ferida,

Eu seja um velho, moço, a rir da vida.

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