CARISMA DE POETA

Sente-se a inspiração... Compõe-se a trama,

Faz-se o primeiro verso e, na seqüência,

Dispondo a rima, segue-se a cadência

Que a obrigação da métrica reclama.

Destrava-se a comporta da eloqüência,

Arranca-se do peito a heróica chama

E o sentimento puro de quem ama,

Dosando tudo ao sopro da inocência.

Atrai-se a musa num ritual de arpejos

E ao cobri-la de abraços e de beijos

Chega-se ao término... a obra está completa.

Mas... Se faltar a musa, ó dor cruel!

Quebre-se o lápis – Rasgue-se o papel! –

Não se tem o carisma de poeta!

Salé, 15/07/80