Soneto da Vitória

Tão triste é quando cai-se no receio

De perder-se de vez neste relento

Onde ser grosso é o podre talento

Que maltrata-me a carne em devaneio.

Hei de livrar-me deste trem sem freio,

Posto ser o que mais almejo e tento:

Arrancar daqui do peito o momento

Onde, ao ferir-te, parti a vida ao meio.

Hei de vencer, sim, este malefício,

Que apodrece-me, rasga-me as veias!

Hei de afastar-me desta vã escória!

Hei de possuir outro artifício

Para que não caia eu em garras feias

E conquiste, enfim, minha vitória!

Preto
Enviado por Preto em 15/09/2010
Reeditado em 15/09/2010
Código do texto: T2498991
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