Soneto da Vitória
Tão triste é quando cai-se no receio
De perder-se de vez neste relento
Onde ser grosso é o podre talento
Que maltrata-me a carne em devaneio.
Hei de livrar-me deste trem sem freio,
Posto ser o que mais almejo e tento:
Arrancar daqui do peito o momento
Onde, ao ferir-te, parti a vida ao meio.
Hei de vencer, sim, este malefício,
Que apodrece-me, rasga-me as veias!
Hei de afastar-me desta vã escória!
Hei de possuir outro artifício
Para que não caia eu em garras feias
E conquiste, enfim, minha vitória!