ÚLTIMO SONETO
Partiste! Finalmente o destino nos brinda
e me esvazia a taça do sonho da vida...
Aquele sonho que se vive e que se finda
e a dor voraz do despertar é desmedida...
Partiste! Mas deixaste acorrentada, ainda,
pesada herança dentro d'alma recolhida:
-Esta amargura de uma imensa dor infinda,
que o coração do triste bardo deu guarida...
Não há volta! Nada mais será como dantes,
nunca mais pulsarei com teus seios arfantes,
nem jamais ouvirei esta voz singular!
Mas, por Deus, cala-te! Para aqui poeta louco,
estanca de uma vez este gemido rouco,
e cessa agora para sempre o teu cantar!
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