eu-lírico(?)

eu verbo-aborto numa língua quase morta
palavra azeda na gramática fedida
eu verso-estaca sustentando a rima torta
ditongo aberto numa sílaba partida...

eu letra-símbolo indicando a despedida
forma imperfeita que o bom gosto não suporta
eu poema sujo para a morte e para a vida
hiato desfeito numa boca que se entorta...

eu poesia eterna, arroto em português,
pessoa tão perto de um camões também latino,
eu letra imunda conspirando com talvez,
regra forjada pela boca de um menino...

- eu quase tudo e menos nada e vezes mil,
um verme-signo pra uma língua tão sutil!