Arrebol

Neste horizonte teu, eu me declino,
desmaio aos poucos feito o sol da tarde,
vou me entregando sem qualquer alarde,
enquanto na igrejinha tange o sino;
 
retiro três mil véus, me descortino,
e perdendo o pudor e meu resguarde,
esqueço que sou frágil, sou covarde,
de amor me morro e perco todo o tino.
 
E nesse enlace nos tornamos um,
e sem receios, sem limite algum,
enquanto canta ao longe o rouxinol;
 
e nesse instante único, incomum,
em ti me morro, quando morre o sol,

e nos tornamos juntos o arrebol.


Brasília, 08 de Setembro de 2010.
Pura chama, pág. 50
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/09/2010
Reeditado em 05/06/2017
Código do texto: T2485186
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