Por um Amanhã
Eu devo o dono do mercado e não posso pagar,
E a dona da casa que há dias me vem reclamar?
Pobre negro pobre que trabalha pra gastar,
Num tem nem calça nova nem camisa pra usar.
Passo a distancia pra ninguém me acenar,
Mudo sempre de esquina pra ninguém me marcar,
Que vida dura! Todo dia cinco quase nada a sobrar,
Todo dia de trabalho até feriado e sem me cansar.
Meu mês está lotado de dias e horas feitas
Mas minha dívida na padaria cresce toda manhã
Que picardia! Esforço-me tanto e no final nada me resta.
E quando vai à feira só a passeio não tem nem pra maçã,
Cadê o guarda-chuva! Nada é chuva na testa.
Assim sendo eu cidadão brasileiro sonho por um amanhã.