POR QUÊ?

Ah! Por que ao pobre que viveu chorando

Entre as mazelas de miséria plena...

Sem um carinho só de quando em quando

Ou um sorriso na espiral terrena...

Ah! Por que ao pobre que viveu lutando

E lhe negaram a paixão serena,

Uma palavra amiga, um riso brando,

Uma rosa ou um ramo de açucena...

Ah! Por que ao pobre que viveu – coitado -!

Pisando espinhos e curtindo dores,

Amando sempre, mas sem ser amado...

Ah! Por que ao pobre que nem teve amores

Dão-lhe agora todo um ritual sagrado,

Com preces, choradeira e muitas flores?...