METEMPSICOSE

De forte insônia escravo e sem remédio,

Auscultando o silêncio em fantasia,

Explode o peito em amargoso tédio

E acaba por compor esta poesia.

Da rigorosa métrica um assédio

Vem queimar seus neurônios em porfia,

E as rimas para aumentar o triste tédio

São escolhidas por analogia.

O homenageado, amigo extraordinário,

Já se perdia no galpão do ossário

Naquele pódium de materialistas.

E o vate arranca-o desse cemitério

E na metempsicose sem mistério -

Levando-o a outro pódium de conquistas!...

Salé.