COMO ENTRE GIRASSÓIS
COMO ENTRE GIRASSÓIS
Devo morrer de lágrima de encanto
não quando toda dor tenha cessado
mas enquanto for pena todo pranto
e o meu amor um canto inacabado.
A vida às vezes cruza o desencanto
com um sonho por vezes sepultado
mas deste luto é que se faz o canto
depois de tudo pronto e terminado.
Ninguém pode olvidar os pesadelos
razões dos fios brancos dos cabelos
ocultos entre as dobras dos lençóis.
Eis neles vão os sonhos docemente
morrendo como morre o sol poente
no horizonte do olhar dos girassóis.
Afonso Estebanez