MEU PAI

... E ele expirou, silente, em meus braços!

Era tardinha... Rubro o sol morria!

Saí chorando, co’a alma em mil pedaços,

Para falar com Deus... Que agonia!...

Olhei lá p’ras alturas dos espaços

E perguntei baixinho co’ironia:

Onde estais vós, Senhor dos mundos lassos,

Incrustado nos céus da fantasia?

Depois... Ouvi, maravilhado e pasmo:

Uma voz clara e cheia de entusiasmo:

- Nunca blasfemeis, meu filho... Relaxai.

Eu estava sozinho e compreendera,

Ali, enquanto a noite já descera,

Ouvir a voz de meu finado pai!

Salé, 03/01/1979