O diálogo da arte com o poeta
- "Vamos, crie!" Em forte tom, exclamou a arte,
E disse: - "Os versos de oiro pelo mundo espalha.
Dos teus ombros sacode essa mortalha,
E exsurge ao sol para divinizar-te!
Vê: há beijos de amor em toda parte;
Deus um sorriso em cada flor entalha.
A cor, a luz, o som tecem a malha
Para a redoiça em que hás de baloiçar-te."
Responde o poeta: - "Se ninguém me escuta,
Que tal cantar? O véu do templo cerra
Desde o zénite às plagas do nadir...
Aspiro à eterna paz branca, esperança, impoluta;
De mãos postas em cruz, olhando a terra,
A morte esperarei como um faquir!"