AUTORRETRATO POÉTICO
Noutro espaço tenho o peso das vírgulas,
O contexto reto das canções frívolas;
Não sendo artista em terra que não me cabe,
Meu destino está onde não há chave.
Não me deslumbro com criações ridículas,
Mas sim com a dureza das penínsulas,
Das quais te vejo partir tão suave,
Carregando na alma o que ninguém sabe.
D'outra dimensão avisto teus desejos
Com meu olhar aliviado de ensejos,
Numa pontuação jogada à fortuna.
Não me define o que tem alguma lógica,
Porque seria eu só uma verdade trágica
Escondida numa canção noturna.
(Luciene Lima Prado)