Soneto Inescrito
Os versos das minhas mãos, descobrindo o véu
da tua nudez, seriam mil vezes preferíveis
a todos estes que componho no papel -
de letras grandes, mas aos teus olhos ilegíveis.
Não conta o meu poema rabiscado ao léu,
do teu corpo em mim guardado, e por mais sensíveis
que sejam os versos, será pobre e infiel
relator dos meus desejos impreteríveis.
O que esse cantar da ilusão jamais traduz,
surdo à voz do desejo que ecoa rouca,
é tudo isso que no papel nunca compus:
O gosto de um beijo em tua ansiosa boca,
a sensação deliciosa dos teus seios nus,
nosso murmurar devasso em luxúria louca!
Os versos das minhas mãos, descobrindo o véu
da tua nudez, seriam mil vezes preferíveis
a todos estes que componho no papel -
de letras grandes, mas aos teus olhos ilegíveis.
Não conta o meu poema rabiscado ao léu,
do teu corpo em mim guardado, e por mais sensíveis
que sejam os versos, será pobre e infiel
relator dos meus desejos impreteríveis.
O que esse cantar da ilusão jamais traduz,
surdo à voz do desejo que ecoa rouca,
é tudo isso que no papel nunca compus:
O gosto de um beijo em tua ansiosa boca,
a sensação deliciosa dos teus seios nus,
nosso murmurar devasso em luxúria louca!