AZÁFAMA [CCXXXIII]

Dos dias a moenda nos engole,

e engole e nos tritura, a força toda;

e que o tempo voraz não nos exploda,

na azáfama cruel que não dá mole.

A nossa fleuma, agora feito a loba,

na fúria da corrida assaz se bole,

e, até que a roda-viva nos amole,

forçoso é celebrar mais uma boda.

Fugazes, de remar do lado oposto,

ao sabor dos ponteiros do relógio,

então montamos novo albergue e posto.

Na pressa louca, quem tem sã a vida?

A correr, todos lavram necrológio,

antes que a morte venha, de enxerida.

Fort., 13/08/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 13/08/2010
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