CENAS DA ROÇA
O sol descamba na agonia do poente!
O gado volta às cercanias do curral,
Mugindo triste a dor do companheiro ausente
Levado há pouco para os ganchos do tendal!
A noite cai, voraz, qual lúbrica serpente,
Abocanhando tudo, em mágico ritual!
O candeeiro bruxuleia! Impaciente
Alguém enxota o vira-lata pro quintal!
No silêncio da noite, o baque da porteira!
Pia a coruja, ronca ao longe a cachoeira
E o baio no quintal, relincha e cabriola!
O Sertanejo, à mesa, come carne assada,
Cutuca os dentes, cospe, bebe outra golada
E chora uma saudade, ao toque da viola!
Salé, 05/10/1980