IMOLAÇÃO

Ao desfiar as contas do rosário

De minha vida incerta e extravagante,

Vou murmurando os versos no sudário

De catedral em sombras, delirante!

E No altar, ajoelhado, visionário,

A recordar a derradeira amante;

Sou o peão tristonho e solitário,

O pobre e ingênuo cavaleiro errante!

As festas de cupido foram poucas

Que então meu peito em fogaréu de arquejos

Junta-se à confraria de almas loucas,

E imola-se nas chamas dos desejos

Sem conseguir o cofre de outras bocas

Para guardar a esmola de meus beijos!

Salé, 23/09/1980