[O sol acorda ao cântico dos sinos]
O sol acorda ao cântico dos sinos.
Nas faces laterais da catedral,
os dedos dos vitrais desfiam finos
os fios da luz frágil, matinal.
O olhar foge da nave, quer brincar
com os cabelos ágeis, flutuantes
que iluminam a voz que vai cantar
a oração e o silêncio reinantes.
No entanto, chega um frio confidente.
Vem do ventre das lajes e ascende à alma
como se tudo fosse de um só ente.
Nomeemos: sol, sinos, vitrais unidos
na suave vertigem, rude calma,
porque unos são os gestos e os sentidos.