Flor do Cerrado

Flor do Cerrado sou e aqui eu canto
os versos que escrevi sem iras, sanhas,
libertos de malícias, de artimanhas,
guiados pelo amor, que é sacrossanto.
 
Eu sou a simples flor desse recanto,
que nasce sem plantio das entranhas
da terra-mãe, do ventre das campanhas,
nas rachas,  onde viço e me levanto.

Ressurjo no terreno calcinado,
nas cinzas do capim carbonizado,
que a chuva, generosa, beija e afaga.
 
Renasço das raízes do passado,
da seiva que escorreu da minha chaga,
por entre pedras, paus, fuligens, praga.

Brasília, 12 de Agosto de 2010.



Livros: REALEJO, pg. 82
              Absinto e Mel,p. 11
              SONETOS SELECIONADOS, pg. 13
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 12/08/2010
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T2433969
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