“INCAMINHOS”
Eu quero o morno conforto de um lume,
Uma palavra que me desaprume,
A rigorosa convicção das pedras
E a utopia incerta de todas as guerras.
Mas me livrem das canções que já sei,
Da inflexibilidade de uma lei,
Das sombras hostis dos arranha-céus
E das confissões insanas dos réus.
Que me abram as portas quem lê Cecília,
Quem, com palavras, tece sua vigília,
Fingindo que dorme, mesmo em delírio.
Que me fecham as portas, num martírio,
Quem nunca pôs nuvens em um papel
Ou sentiu um gostinho entre o mel e o fel.
(Luciene Lima Prado)