Som de neto - Soneto livre
Som de neto
Minha escrita variável tantas vezes não palpável
Esgueira-se em minha mente, porta assim; sem cadeado
Vai riscando minhas folhas num paradoxal futuro e passado
Levando-me a minha infância, e já me vendo de cajado
Minha escrita já foi filha, inexperiente, ansiosa
Já foi adolescente exibida, bobinha em outras horas
Mas ai virou mulher, aprendeu a relaxar...
Hoje minha escrita embala um neto em meu lugar
A poesia nos desnuda, frase feita? Nada muda!
Ela escreve nossos veios, nossas almas, nossas brumas
E derrama como água, cachoeiras de emoção
Minha escrita é vermelha, sangue puro, erupção!
A poesia é reflexo, deste sentir em turbilhão
Coração enxerga largo, mãos palpitam letras sãs
Márcia Poesia de Sá