Alma vagão nª2

É passado aqui; ao abrirem-se as janelas

nos areja uma saudade de partida;

ao soturno silêncio o sino se congela

e num apito a fumaça jorra despedida.

Fortunas sobejaram nas linhas paralelas,

enganos cravaram-se à riga¹ estremecida

e olhos marejados se alongaram nas procelas

deixando atrás o negro fumo, alma sofrida.

Mas o que importa agora? O amor ressoa

no Vagão e um novo verso já promete;

passageiros sem bilhete buscam nossa porta!

Embriaguemo-nos de Camões, Bilac, Pessoa,

deixemos vir a nós as “wagonettes²”;

que a declamação do Wilson³ nos exorta!!

1.Riga: madeira nobre importada de Riga (Rússia) usada para fixar os trihos devido à sua durabilidade e rigidez.

2. Wagonettes: Palavra francesa, em português vagoneta; espécie de carro usado na manutenção dos trilhos. Usei o termo para as poetisas que frequentam o Vagão Literário.

3. Wilson Fonseca: Poeta assíduo ao Vagão Literário, ótimo declamador.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 18/09/2006
Reeditado em 18/09/2006
Código do texto: T243213