ESTRELA SOLITÁRIA [CCXXXII]
À que se me foi, por ausência breve
Sou como aquela estrela solitária,
que, às madrugadas, pisca e tanto luz,
sempre a portar das solidões a cruz,
estrela n’amplidão tão perdulária.
Nem o Astro Rei, às tardes, tal reluz.
Meu rastro de boêmio tem luz vária
e veste-se da cor mais solidária,
quando esbanja fulgor, em raios nus.
E, nau sozinha, a velejar nos astros,
forjando versos como os poetastros,
abro picadas, nunca vistas dantes...
Pois minha voz, riscando os horizontes,
porta de plúmbeas dores muitas fontes
– flui das saudades tristes dos amantes.
Fort., 11/08/2010.