Soneto de autodesprezo
Sou prisioneiro sensual, primata;
Sou temerário, sou prazer carnal.
Sou vicioso e perdido, sou animal;
Sou desregrado, sou vilão e pirata.
Sou distante, vencido e sociopata,
Maculoso e carrapato viral.
Sou mentiroso, chato e burocrata;
Sou desgostoso, fútil e incabal!
Sou pessimista, desonesto e néscio;
Aborrecido, enfurecido e sécio;
De sensualidades encharcado...
Porém não sou ruim, mas sim levado,
Romântico, sagaz e pueril:
Tornei-me assim depois que ela partiu.