Desmedido
Quando amo, sou um louco incontido,
me elevo ao céu de tanta paixão.
E quando sofro, sofro infinito...
Vou ao inferno, rastejo pelo chão.
Quando canto, é como se um grito
brotasse, deveras, do meu coração.
Mas quando calo, calo contrito;
estrangulo o gemido, engulo o som.
Quando sorrio, sou mais que um rio,
que se deixa levar pela correnteza,
rumo à sua foz, afluente, em delírio.
Quando choro, tem gosto de sal,
como as águas revoltas do mar,
a dor do meu pranto, de tão colossal.