DA POSSE
.
Das frias noites que passei desperta
Arrastando correntes em minh'alma
Mastigando, sem engolir, os traumas
Voltam-me recordações - porta aberta
.
Em cismas que meu coração aperta
Retirando a minha tão pouca calma,
Peito em descompasso, pulso-palma
Angústia, nessa hora, é seta certa
.
Quero polir o verbo da minha boca
Tirar do rosto essa expressão louca
Desenhar um sorriso franco e vivo
.
Das frias noites- e não foram poucas-
Apago as cismas, de modo incisivo
Tomo posse de mim; de ti me privo
(Lena Ferreira)
0808/2010