LUA CHEIA DE MIM

Não mais uivarei para a cheia lua

Recolho-me ao meu quarto-crescente

De que o meu apelo seja contundente

Não mais exporei-me de alma nua...

Cansei de gritar; uivos por toda rua

Notas agônicas em som estridente

Lua, cheia de mim; volto eu descrente

De ter sido, algum dia, amiga tua

Deixarei minguar meus desejos tantos

Sozinha, à seco, engolirei os prantos

À lua cheia, nenhuma ajuda pedirei

Amordaçarei minhas fases num canto

E por uma lua nova, ansiosa, esperarei

Portanto, meu uivo à lua cheia, calarei...

(Lena Ferreira)