Passio II

Que perdi, meu amor? O meu vate, o meu bardo,

este eu sou, sabes tu, que meus versos manténs

entre os teus não sei quê, teus picuás, teus teréns,

e nem lembras dizer que não tens mais no fardo

as lembranças de outrora, e hoje eu sei que não ardo

em saudades de ti, não sou mais dos teus bens

a riqueza maior. Sabes bem que me tens

- não me tenhas, talvez -, pois demoro e não tardo

a dizer que meu verso é pra ti, mas não é;

é memória, é olvido - amanhã já não sou -

e trovando eu me vingo, ao dizer que te amo.

O que mais vou dizer? És a minha mulher,

és a musa, a vilã, a serpente que eu vou

devorar, pra dizer: sou teu cervo, teu gamo.

07/08/2010