Cometa alexandrino

Quando me deu na telha eu cometer soneto,

até o alexandrino atropelei; eu juro!

Errei numa cesura, andei pulando muro,

e mesmo assim com ele eu sei que me intrometo.

Às vezes erro a rima e mudo o seu quarteto.

Entanto, o alexandrino insiste em dar um duro

e me botar à prova. Eu fico mais seguro

e vou até o fim, nos versos do terceto.

E, se me der na telha, eu vou cometer mais,

pois o soneto faz de mim malabarista

em busca de equilíbrio, em busca do meu eu.

Não sou como um cometa. Assim, buscando a paz,

prefiro o alexandrino eu não perder de vista,

embora inda não saiba onde ele se meteu.